domingo, 26 de outubro de 2008

LIVRO ABERTO:

Para o despertamento, desenvolvimento ou expansão da consciência precisamos ser bulinados, e é a vida, através das relações, que faz isso conosco.

Importa lembrar que a finalidade da relação não é só trazer satisfação ou algo que equivalha. Na verdade, na relação temos a oportunidade ímpar de sermos provocados para que possa haver a auto-revelação do que somos e, utilizando o precioso recurso da atenção, possamos aprimorar ou transformar aquela conduta que temos fora dos códigos imutáveis da Lei. Pergunte a qualquer pessoa ou a si mesmo se houve em si transformação ou até mesmo mudança por obra e graça do acaso ou de quem quer que seja e constatará que foi necessário um fato ou acontecimento que a acordasse do estado de letargia ou ignorância que se encontrava para vislumbrar um novo viver.
Este fato ou acontecimento nos exige um proceder. Agindo com a inteligência, com amor, observando as Leis Universais - adquirimos consciência e agindo com o pensamento, na busca pelo prazer ou satisfação, esquecendo ou inobservando as Leis Universais - adquirimos dor e inconsciência.
A dor é um alerta da alma de que algo precisa ser melhorado, de que é preciso dispensar atenção a este algo para alinhá-lo às energias criadoras. Nossa mãe natureza nunca nos deixaria sair dos trilhos da bem-aventurança sem nos alertar. O alerta é feito, mas como cada ser tem o livre-arbítrio, não é obrigado a seguir pelos trilhos da bem-aventurança e, geralmente, o homem, levado pela falta de análise, traça seu próprio caminho, apesar de todos os alertas.

Naquele momento, passando por um difícil processo de relacionamento e achando o fardo pesado e reincidente, perguntei intermitentemente a Deus qual era sua medida. Logo obtive a resposta. No trato com a pessoa que tinha dificuldade de relacionamento a enxerguei como nunca havia feito e ali me vi com todas as imperfeições que tinha, sem tirar nem pôr. Pude me enxergar ali, sem máscaras. Não era o outro ali, era eu exatamente como agia e me expressava, como nunca tinha me visto. Daí, pude compreender que a medida de Deus é justa e o autoconhecimento é bastante preciso, de uma exatidão impressionante.
O objetivo da relação não é gerar caos, mas se ele já foi implantado, temos, no mínimo, o dever de conter, minimizar e extinguir o caos.
Para conter, minimizar ou extinguir o caos o homem lança mão da lei do calar e auxilia a que o outro possa se perceber. Para isso, o homem deve olhar para o outro e para si mesmo através da atenção plena, utilizando-se de sua vontade, num silêncio físico, psíquico e moral.
Quando o homem se cala apenas no físico, ou seja, o silêncio é só da boca fechada, estando o psíquico e o moral ativos, criando pensamentos de toda sorte e natureza, ele contém o caos no ambiente externo, mas internamente está a provocar caos, que acarreta doenças ou somatizações conhecidas como doenças psicossomáticas. Aqui, o homem já possui o conhecimento em si latente e encontra-se cheio de teorias acerca da vida, do outro e de si mesmo.
Para além do conter, o homem deve minimizar o caos. Para minimizar o caos o homem silencia-se e volve a atenção para si mesmo, através da atenção plena e do autopercebimento. Neste estado de percepção, sua ação, além de provocar contenção do caos, ainda minimiza o volume em que ele se apresenta. Aqui, a prioridade do homem é o autoconhimento e busca, cada vez mais, mergulhar em suas idiossincrasias, trazendo-as à tona para uma melhor percepção de si mesmo.
O homem pode, ainda, extinguir o caos. Para isso ele lança mão do silenciar nos três níveis: físico, psíquico e moral. Silencia-se a nível físico, tornando-se receptivo, silencia-se a nível psíquico cessando os pensamentos e tornando-se perceptivo e silencia-se a nível moral dando atenção plena e tornando-se conceptivo. E nesse estado de concepção ele extingue todo e qualquer caos através da Lei do trabalho, do Amor, da Amizade, da Igualdade, da Fraternidade, da Caridade e tantas outras Leis. Aqui, ele autorealiza, ou seja, sobe mais um degrau na escala da ascensão e fica mais próximo de Deus.
Muitas vezes, o homem começa contendo o caos num estado de recepção plena e num mesmo segundo se lança para a percepção direta, correta e completa - a concepção - sem deixar resquícios. O importante é o eterno estado de atenção e o silenciar quando necessário, dando oportunidade ao Ser Interno de acumular energias para dar a solução ao problema e transcender a energia grosseira ainda presente em nós, construindo algo novo.
Todos estamos convocados para trabalhar na construção da Grande Obra Divina mesmo não querendo, não sabendo ou não podendo. Enquanto não temos clareza da missão, teremos que carregar pedras.
Quem nos faz este convite de realização são as Leis Universais. Quando não compreendemos tal chamado para o objetivo maior que é a construção da Grande Obra Divina, auxiliando na expansão do universo, evolução do planeta e, conseqüentemente, dos seres que nele habitam, teremos que sentir o peso da inconsciência bater à nossa porta e nos chamar para carregar pedras. Neste estado, os vícios nos mantêm seus escravos e por eles somos arrastados para a escuridão da inconsciência de só obedecer aos seus comandos baseados no peso do orgulho e suas condutas, da cólera e suas condutas, da inveja e suas condutas, da luxúria e suas condutas, da preguiça e suas condutas, da gula e suas condutas e do apego e suas condutas, pela estupidez de guiar-se pelo ego que torna cada vez mais densa a alma humana.
O trabalho de carregar pedras não deixa de ter o seu valor, afinal, é daí que teremos que fazer a base, o alicerce de nossas realizações e é aí que transmutaremos nossa força grotesca. Quanto mais nos queixamos, reclamamos ou ficamos inconformados com a situação, mais a vida nos ensina que merecemos estar ali.
Mas não podemos ficar a vida inteira a carregar pedras. Quando transmutarmos a energia grosseira que em nós habita, estaremos prontos para colaborar de forma consciente na grande obra divina, sendo senhores e não escravos da Lei.
E Deus neste processo?
Deus é energia. Traduzir essa energia para a matéria é um trabalho difícil e perigoso, correndo o risco de materializar e desvirtuar, pela limitação das palavras. Podemos dizer que Deus está em tudo que existe e tudo que existe está em Deus. Quando conseguirmos chegar ao âmago do ser, através da morte do pensamento e da experimentação, compreenderemos a verdade que encerra esta máxima.

domingo, 12 de outubro de 2008

Resumo da minha monografia intitulada "Estar Amorosamente Presente: uma mudança de paradigma metodológico"

O presente trabalho tem como objeto de estudo a prática docente no ensino superior contextualizando aspectos concernentes a perspectivas históricas e atuais. Tem como objetivo principal analisar como a cultura do Estar Amorosamente Presente pode promover a mudança de paradigma metodológico na prática do ensino superior. Tal cultura tem sua concepção na ação de entrega, envolvimento, empatia e comprometimento, enfim, consciência de si e do outro. Para tal intento, procedeu-se uma análise do cenário do ensino superior através das perspectivas históricas, educacionais, do educador e do educando, discutindo-se, em seguida, as competências do docente do ensino superior sob a ótica das abordagens metodológicas, a saber: tradicional, tecnicista e crítico social dos conteúdos e, por fim, caracterizando a cultura do Estar Amorosamente Presente e a mudança do paradigma metodológico no ensino superior. O caminho metodológico utilizado foi a pesquisa bibliográfica que se desenvolveu ao longo de uma série de etapas. A motivação para tal estudo partiu do nosso desencanto com a educação na vivência que tivemos no ensino superior, graduação, e o atual reencanto com a pós-graduação em Consciência e Educação. Pretendeu-se, assim, conduzir o estudo através de um tema pouco explorado que é a questão do Estar Amorosamente Presente no ensino superior, como uma nova cultura, um novo paradigma, indicando algumas categorias fundantes da educação, que possam apresentar contribuições e subsídios para a prática docente neste nível de educação superior, sustentando novos caminhos metodológicos que configurem práticas mais significativas. Como sugestão para enfrentar tamanho desafio, sugere-se a reflexão contínua do educador sobre sua prática, educar a partir de valores e da criatividade, enfim, superar a dialética das abordagens metodológicas e dar uma conotação interdisciplinar e transdisciplinar à sua prática que deve ser continuamente renovada através da formação contínua.

Palavras-chaves: Ensino superior. Abordagem metodológica. Amorosidade.